quinta-feira, 8 de novembro de 2007

||| Onde não há liberdade de expressão, não há injustiças.

Nos tempos que correm, quando alguém é alvo de uma injustiça flagrante e socialmente relevante não lhe passa pela cabeça recorrer aos meios administrativos, políticos ou judiciais para que seja reparada a injustiça. Isso significaria, na melhor das hipóteses, ser ignorado. Um telefonema para um canal de televisão basta. É como um milagre. Os exemplos são muitos. Os mais recentes que me ocorrem são os de uma professora e de uma funcionária de uma Junta de Freguesia, ambas com problemas de saúde graves, suficientes para, num entendimento de bom senso, serem dispensadas do trabalho, mas que uma «junta médica» não atendeu. No dia a seguir à reportagem televisiva a dar conta da situação, num caso, ou no próprio dia, no outro, os ministros da tutela vieram a público anunciar decisões no sentido de reparar a injustiça, contrariando a decisão administrativa. Uma injustiça conhecida por todos é «diferente» (as consequências negativas sobre o poder político) de uma injustiça que ninguém conhece. Do ponto de vista da utopia é mau, mas este tubo de escape só é possível em democracia. Por isso, onde não há liberdade de expressão, não há injustiças, como em Cuba, por exemplo. E, onde não há injustiças, são dispensáveis as greves, os sindicatos, as manifestações. Afinal de contas, não é assim tão difícil entender a «democracia» do regime da Coreia do Norte que circula na cabeça de Bernardino Soares, nem a «matiz neofascista» do regime português que faz de Miguel Urbano Rodrigues um «teórico» do comunismo do século XXI.