LEITURAS MATINAIS O concerto sem chefe de orquestra. Mário Mesquita, no Público:
"Onde não há nostalgia, não há progresso", sustenta Régis Debray, essa estranha figura de antigo guerrilheiro, filósofo e conselheiro político do presidente Mitterrand. A nostalgia é, para Debray, tudo o que lhe resta do revolucionário guevarista que, noutros tempos, foi. As revoluções, entre o século XVII e o século XX, quiseram sempre refazer a revolução anterior: "só os conservadores não são nostálgicos".A afirmação de Régis Debray aparece no âmbito de uma reflexão sobre o jornalismo contemporâneo (Médias, nº5, entrevista com Emmanuelle Duverger e Robert Ménard), publicada sob o título provocativo de "Os políticos são os criados domésticos dos jornalistas". Se nem sempre é rigoroso ou razoável, Debray é criativo, irreverente, incómodo, mesmo quando se assume sob o signo do passado e da nostalgia.Neste caso, a nostalgia reporta-se ao jornalismo do tempo em que os repórteres dispunham de dois ou três meses para escrever uma série de quatro ou cinco reportagens longas e desenvolvidas, e os diversos títulos da imprensa - republicana, socialista, monárquica, católica ou jacobina - reenviavam os seus leitores para mundos diferentes uns dos outros, em vez de confluírem num consenso em que só pequenas subtilezas de tom ou de pormenor marcam suaves distinções.
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