sábado, 18 de março de 2006

A direita está desorientada

A direita está desorientada: ainda não saiu do passado e não sabe bem onde fica o futuro. O CDS/PP definha entalado entre um líder que vive no estrangeiro e um Paulo Portas obcecado em encontrar um espaço político-eleitoral maior do que o do irmão. O PSD, envelhecido, está prisioneiro do passado recente. Não só porque Marques Mendes não deu um único contributo político para credibilizar o PSD depois da implosão Santana (o afastamento de dois ou três autarcas foi muito pouco), mas sobretudo porque ficou sem autonomia política perante o Presidente da República. Cavaco Silva, apesar das “nuances” – que irão ser exploradas à lupa – estará nos próximos 3 anos mais em sintonia com José Sócrates do que com o PSD/CDS, sobretudo porque está mais empenhado em contribuir para a resolução dos problemas do que alinhar na demagogia oposicionista necessária à sobrevivência. Não devemos esquecer que, bem feitas as contas, as duas maiorias sociais-eleitorais – legislativas e presidenciais - quase se sobrepõem. Pelo caminho que as coisas tomam há condições para uma certa recomposição dos espaços político-eleitorais: o PS pode crescer à custa do PSD; outro CDS/PP poderia crescer também à custa do PSD, enquanto o PCP e o BE poderão crescer ligeiramente à custa do PS. O "centrão", a "classe média" ou lá o que queiram chamar - o povo sereno, moderado - está representado no poder através de Cavaco e Sócrates. Se em finais de 2007, e em 2008, aparecerem sinais de retoma económica e de distribuição de riqueza, Cavaco e Sócrates atingirão o alto da montanha à portas das respectivas reeleições. A ver vamos.

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