quinta-feira, 25 de maio de 2006

Cenas do quotidiano

Dirigiu-se para a rua Nova do Almada, subindo as Escadinhas do Santo Espírito da Pedreira. Entrou na livraria Ferin e, alongando a preguiça por entre estantes e escaparates, passou os olhos pelas novidades editoriais, vasculhando aqui e ali, e folheando um ou outro título que lhe despertava interesse. Finalmente, dirigiu-se ao balcão com a escolha desse dia: O Vento Assobiando nas Gruas, de Lídia Jorge.
O empregado perguntou-lhe com ar profissional: - «É para oferta?»
- «Não. É para mim». E acrescentou: - «Tenho um princípio de muitas décadas que nunca transgredi: não abandono uma livraria sem comprar, pelo menos, um livro. Para mim, os livro são amigos com quem convivo, que descubro, escuto e com quem falo. Além disso, têm a vantagem de os poder levar comigo e de estar com eles no café ou em casa».
O empregado, distraído na azáfama da caixa registadora, não ouviu uma palavra, apesar do sorriso comercial.

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