Distracção americana.
No tempo em que os animais falavam, ainda o muro de Berlim se mantinha intacto, o continente sul-americano era uma zona de influência dos Estados Unidos – quase uma coutada livre da influência de Moscovo, à excepção de Cuba. Nos anos 70 e 80 não havia ditadura, de Buenos Aires a Santiago do Chile, de Manágua a Montevideo que não estivesse assente sobre as estacas dos serviços secretos norte-americanos. E em milhões de dólares, obviamente. Estilhaçada a União Soviética, a partir do início dos anos noventa, os Estados Unidos abriram o apetite por outras paragens até então menos acessíveis, e aí concentram dólares, militares e serviços secretos, descurando completamente a retaguarda. Acreditam, certamente que, apesar de estarem ali ao pé da porta, sem a batuta ideológica de Moscovo e sem rublos, os Chavez, Morales e outros vão cair de podres. Para já, ainda não são esses os indicadores, antes pelo contrário: a América Latina – os povos da América Latina – massacrada e miseribilizada pelas ditaduras militares suportadas pelos Estados Unidos e pela incompetência e a corrupção de socialistas, sociais-democratas e conservadores, está madura para procurar novas experiências. E, quem conhece aquele continente; quem conhece aqueles povos, sabe que essas experiências não se reduzem ao colete-de-forças ideológico do pensamento europeu. Até ver, a distracção norte-americana com o Iraque/Irão, vai dando frutos. Eles que se cuidem..
segunda-feira, 29 de maio de 2006
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