quinta-feira, 27 de julho de 2006

Médio-Oriente Quase duas semanas depois pode concluir-se o seguinte: 1) Os militares israelitas depararam-se com inesperadas dificuldades no terreno no sul do Líbano. Bombardear à distância indiscriminadamente é uma coisa; avançar no terreno é outra. Hoje morreram em combate 9 soldados israelitas e, em consequência, Israel já declarou que o avanço no sul do Líbano já parou. 2) A comunicação social e, consequentemente, a opinião pública (não só a portuguesa) está a simpatizar com uma das partes: as imagens de destruição civil no Líbano, os dramas pessoais, as informações de que 30% dos mortos no Líbano são crianças, os comentadores e o próprio modo dos jornalistas abordarem os factos demonstram uma inclinação maior para a defesa da população libanesa em relação às vitimas israelitas. A morte dos 4 observadores da ONU pelos bombardeamentos israelitas ajudou muito a esta tendência, ou seja, a "desproporcionalidade" está a produzir os seus efeitos. 3) A conferência de Roma foi um exemplo de ineficácia. Esteve próximo da paródia. 4) É muito mau para a desejada paz no Médio-Oriente (e para o equilíbrio regional, incluindo a arrogância e as pretensões hegemónicas iranianas) que Israel tenha feito uma entrada de leão e venha a fazer uma saida sendeiro, hipótese que neste momento não está fora de causa. 5) A invasão do Iraque fragilizou Israel em vez do que muitos ainda pensam: que o fortaleceu.
6) Independentemente da solução final deste conflito, o Hezbollah sai reforçado significativamente junto da população libanesa.
7) Israel excedeu-se. Os israelitas não podem ter a ilusão de acabar com os extremistas arábes. Estão condenados a tê-los como vizinhos. No actual contexto internacional (caracterizado por uma crescente multipolarização de poderes internacionais: China, Rússia, América Latina, etc. e uma diminuição significativa do papel dos EUA, sobretudo depois do fracasso da invasão do Iraque) Israel deve contar mais com a inteligência política do que com os generais àvidos de medalhas.
8) Uma força militar europeia significativa no sul do Líbano seria um grande avanço na actual situação na região. Ao ouvir os representantes do PCP e do BE melhor se percebe essa importância. É triste que o PSD e o CDS (ou o PP, nunca sei como o designar) por mesquinhas razões politiqueiras digam que sim, mas levantem obstáculos, críticas, etc.).

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