quarta-feira, 6 de setembro de 2006

Efemérides. Manhã de 3 de Agosto de 1968. Forte de S. João do Estoril, ali onde o mar se avizinha de Lisboa. O dia está quente apesar da ligeira brisa atlântica que sopra de oeste. A loucura protagonizada pela juventude desde Maio nas ruas de Paris está desfeita e, aparentemente, não se propagou ainda para cá dos Pirinéus. O país está calmo e sereno, apesar das guerras em Africa. Envergando um fato de linho branco, depois de tomar um pequeno-almoço ligeiro, como é seu hábito, o ditador expande o olhar sobre oceano, enquanto desdobra O Século à procura de coisa nenhuma. E, nesse fatídico momento, deixa-se cair com todo o peso dos seus 78 anos de idade e 36 de poder absoluto sobre uma simples cadeira de lona. Desequilibra-se e cai desamparado batendo com a cabeça no chã de pedra. Segundo dizem as línguas viperinas da nossa pequena praça, foi assistido pelo calista que se encontrava presente – um senhor de nome Augusto Hilário –, o qual lhe receita “aspirinas” para as dores de cabeça de que se queixa após a queda. Continua a trabalhar pelo dia fora e, também, nos dias seguintes. Apoquentado pela permanente dor de cabeça, alguém por ele decide – coisa inédita - a 6 de Setembro, mais de um mês depois da queda, que o ditador devia ir a um hospital. E foi.

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