segunda-feira, 11 de setembro de 2006

Pecados da memória.

«O Dr. Dantas, homem de letras, fora ministro em vários governos da 1ª República, mas aceitara depois de 1928 colaborar com Salazar. (...) A mocidade do seu tempo não o levava muito a sério. Ele tornara-se o protótipo do academismo e da afectação. O movimento futurista tomou-o por isso para cabeça de turco, e rompeu com o «manifesto anti-Dantas», que começava por uma invectiva: «Dantas pim, Dantas pan, Dantas pum, Dantas pim, pan, pum». E às tantas entre os pecados que lhe assacava, acusava-o: «O Dantas usa ceroulas de malha». Todos ríamos desta frase que atribuiamos à imaginação de Almada Negreiros. O diabo é que, quando fui companheiro de apartamento de Júlio Dantas no Copacabana Palace, verifiquei com espanto que era verdade
(As minhas memórias de Salazar, Marcelo Caetano, edição Verbo, pág. 242,243).

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