sábado, 21 de outubro de 2006

Escrever direito por linhas tortas.

O "sistema" ensaiou, para descargo de consciência, a acusação a seis engenheiros, um deles com 82 anos e outro com 77, pela queda da ponte de Entre-os-Rios e, consequentemente, pela morte de 59 pessoas. Todos sabemos, incluindo a acusação protagonizada pelo Ministério Público, que a queda da dita ponte se deveu a múltiplos factores. Naturais uns, certamente. Mas, sobretudo, devido à incúria, à falta de profissionalismo e de brio, ao "deixa andar" que, regra geral, nos caracteriza: ascendendo do fundo dos tempos, vai do contínuo ao Ministro, do engenheiro ao cangalheiro que nos amortalha. E também à nossa grande defesa: a burocracia. Daí que, desde o primeiro momento, me arrepiou ver aqueles seis homens, ali sentados, no banco dos réus, em sofrimento, pela desonra de uma acusação que devia recaír sobre todo o país. O Tribunal fez justiça, absolvendo todos os arguidos. Com o respeito que a memória das vítimas nos merece não se deve desligar este julgamento - a procura de bodes expiatórios - do pedido cível, em que, para além do Estado, as famílias das vítimas reclamavam aos arguidos num total de 13,117 milhões de euros. Com esta sentença, tal pedido esfumou-se!.

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