segunda-feira, 9 de outubro de 2006

Porquê?
O Professor Pedro Arroja fez, finalmente, a sua estreia na blogosfera, desfazendo o sebastianismo em que o queriam envolver. Li e reli o texto, para traz e para a frente, à procura do objectivo último da sua estreia. Umas vezes inclinava-me para uma interpretação; outras vezes para outra. Tomei notas. Fiz equações. Ponderei palavra a palavra. E, no fim, fiquei sempre na dúvida: porquê desconsiderar Bush desta maneira como começo de conversa? Porquê explicar ao comum dos mortais que as mentiras de Bush têm uma explicação filosófica? Porquê transferir para os straussianos que rodeiam Bush a mentira em que assentou a invasão do Iraque e todas as outas mentiras que o sustentam? Cito o professor: «A corrente de filosofia política mais influente na Administração Bush é provavelmente aquela que é herdeira do pensamento de Leo Strauss (1899-1973). (…) Como os straussianos não acreditam nos princípios da moralidade – excepto para as massas - eles não se sentem restringidos por quaisquer considerações éticas. A decepção e a mentira ganham assim o estatuto de instrumentos aceitáveis, senão mesmo indispensáveis, da acção política. Porém, numa sociedade racionalista, os mitos são como os castelos-de-cartas, desmoronam-se facilmente. Por isso, para realizarem o seu programa político, os straussianos têm de criar "mentiras esplêndidas e fraudes espectaculares" (Drury, 1994).»
Como última explicação, interroguei-me: será uma tentativa de reabilitação?

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