quarta-feira, 11 de outubro de 2006

É a taxa, compreende?
O Ministro da Saúde, no afã de cumprir o Orçamento (“tenho de cumprir um orçamento, se não o fizesse tinha toda a gente a morder-me às canelas”), desnorteou-se. A tal ponto que, na Comissão Parlamentar de Saúde, para justificar as taxas moderadoras ou utilizadoras de internamento hospitalar – nem ele próprio sabe se é moderadora, se utilizadora - jogou mão de um argumento de antologia: “Se o cidadão tiver que pagar uma pequena taxa moderadora por dia de internamento, ele próprio incentiva aqueles que o acolhem e tratam a, desde que não haja necessidade, ser libertado e enviado para casa”. Ou seja: - Senhora doutora, desculpe dar a minha opinião, mas eu considero que já estou curado e não adianta estar aqui internado, por isso ou me dá alta ou fujo já do hospital. A médica, com irritação na voz, responde: - Senhor Antunes, eu sei que o senhor está curado, mas eu adorava tanto visitá-lo aqui todos os dias, medir-lhe a tensão, apalpar-lhe o pulso. Essa decisão de querer sair apressadamente do hospital é para mim uma desconsideração pessoal. O senhor Antunes, que ainda sangra do pós-operatório, meio alucinado porque a febre se mantêm alta, responde: - Senhora doutora, qual desconsideração pessoal, qual quê, é a taxa, compreende?

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