As eleições de ontem para a Câmara dos Representantes e para o Senado nos Estados Unidos fazem-me lembrar as eleições autárquicas de 2001, na sequência das quais António Guterres se demitiu. Na altura, O ex-primeiro ministro interpretou – e bem – que os desastrosos resultados eleitorais para as autarquias constituíam uma condenação das políticas do governo central. Nestas eleições norte-americanas passou-se o mesmo, obviamente noutra escala, apesar da cegueira de quem não quer ver. Ainda ontem alguns “especialistas” nestas coisas da política escreviam, com “autoridade” e alguma ironia, coisas do género: “A SIC-Notícias tem colocado num rodapé estático sempre que não está em publicidade: «A derrota de Bush às 22h». E eu a pensar que ontem tinham sido as eleições para o Congresso.” De facto Bush não disputava directamente eleições (como Guterres também não disputava), mas os resultados desastrosos destas eleições (mais desastrosos ainda se os resultados na Virgínia forem favoráveis aos Democratas) constituíram uma condenação da política presidencial, sobretudo na questão da invasão do Iraque e suas consequências. Bush, tal como Guterres, entendeu o recado (alguns “especialistas” aqui na lusa pátria ainda não entenderam porque estão meio atordoados). E, em consequência, não se demitiu como Guterres, mas demitiu o “arquitecto” da guerra do Iraque. O que me deixa perplexo é o facto de serem as mesmas vozes que, em 2001, colocaram Guterres no centro dos resultados eleitorais das autárquicas que hoje querem esconder Bush debaixo do tapete e gritam que as eleições foram para o Congresso. Haja bom senso!
quarta-feira, 8 de novembro de 2006
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