quinta-feira, 9 de novembro de 2006

Greves.

Faz exactamente amanhã 37 anos – em 1969 – que participei na minha primeira greve com ocupação do local de trabalho. Foi uma daquelas greves a sério, não só por ter, na altura, 18 anos, mas sobretudo porque, ao segundo dia, em noite de S. Martinho, tivemos pela frente umas centenas de GNRs armados até aos dentes, com capacete, viseira e cães pela trela, que nos apontaram as “mauseres”, depois de puxarem a culatra atrás (sinal de que a bala tinha sido introduzida na câmara). Não houve tiros, nem heróis: todos os grevistas foram despejados para fora das instalações. Vem isto a propósito da greve de hoje e de amanhã da função pública. Em princípio estou a favor de todas as greves, desde que não atentem contra a democracia, pese embora ter assistido, ao longo destes últimos trinta anos, sobretudo entre 1975/85, à sanha grevista de sindicalistas que, cumprindo directivas partidárias – uma espécie de quanto pior melhor –, enviaram muitos trabalhadores para o desemprego e para situações humanas muito difíceis: casos de empresas em que, qualquer leigo percebia, para a sua viabilização económica, eram exigidos sacrifícios a todas as partes, incluindo os trabalhadores. Mas estes não aceitaram tais sacrifícios e entraram em greve por melhores salários. Aconteceu que a realidade se sobreponha aos desejos e as empresas encerraram. À parte isto, hoje no que diz respeito a greves, a regra é: a) os partidos que têm por objectivo destruir (ou debilitar) a sociedade democrática – o PCP e 0 BE – estão sempre a favor, obviamente; b) os partidos do poder – o PS e o PSD – estão a favor quando estão na oposição e estão contra quando estão no poder, também obviamente. O que quer dizer que a greve é sempre, salvo raras excepções, uma coisa boa para a democracia!

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