A mania das grandezas.
Conta-se que D. João V mandou um emissário a Antuérpia para encomendar um carrilhão para o Convento de Mafra. O artesão fundidor flamengo, porque a peça era muito cara, não aceitou a encomenda sem que, primeiro, o emissário transmitisse ao tal "rei de Portugal" o preço. Ora, viajar da Flandres a Portugal no século dezoito não era empresa fácil. E lá veio o emissário de volta. D. João ficou ofendidissímo com tal afronta. E, para mostrar o que é um português de boa cepa, reenviou o emissário à Flandres com o seguinte recado: nunca pensei que um carrilhão feito por um bom artesão flamendo fosse tão barato. Sendo esse o preço quero dois. E, por isso, existem dois carrilhões no Convento de Mafra. O ouro do Brasil e as especiarias asiáticas moldaram o nosso requintado modo de estar na vida: a mania das grandezas.
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