terça-feira, 5 de dezembro de 2006

OLIVENÇA.

Há por aí uns gajos simpáticos – o grupo de amigos de Olivença – que dedicam os seus tempos livres à nobre tarefa de devolver às gentes de Olivença a pelintrice portuguesa, como quem se dedica a coleccionar borboletas. Em 1801, um amante da rainha Maria Luísa, o general Godoy y Alvarez de Faria Rios Sanchez Zarzosa, durante aquela bagunça das invasões francesas, levou-nos a aldeia alentejana tão reclamada. Passados 200 anos, consta que os portugueses raianos vão em romaria a Olivença. Não vão por fervor patriótico, mas para fazer compras: a gasolina é muito mais barata e o IVA é apenas 16%.O caricato é que, segundo leio nos jornais, um tribunal português, ignorando as mais elementares regras de direito internacional, deu seguimento a uma queixa apresentada pelos nossos simpáticos amigos de Olivença, constituindo arguidos alguns responsáveis espanhóis por estradas e obras, incluindo um ministro (ou ex-ministro, não percebi bem) do governo espanhol por terem realizado obras numa ponte fronteiriça (sem autorização do IPPAR). A decisão do Tribunal da Relação de Évora (estou a falar pelos jornais, não li nenhuma sentença e, por isso, posso estar a ser impreciso) é hoje tratada, com simpatia, pelo El País. Mas, em casos deste tipo, a simpatia é a antecâmara da anedota.

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