sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

Abortemos, então. (2)
Fernanda Câncio está imparável. Escreve que se desunha. Talvez por não perder tempo com maiúsculas, detendo-se apenas nas minúsculas. Não sei se, neste caso, o provérbio popular quanto mais se fala, mais se erra bate certo ou não, mas passemos adiante. Minha cara Fernanda: pode estar sequiosa de uma boa liça – olhe que eu também –, mas não me apanha na ligeireza de, a um mês do referendo sobre o aborto, discutir consigo esta questão (dois partidários do SIM que votam da mesma forma com perspectivas diferentes) já que seria uma delícia para os partidários do Não. Tenho opinião amadurecida sobre as questões que me colocou mas dou-lhas após o 11 de Fevereiro. Talvez seja interessante prolongar esta discussão no rescaldo dos resultados do referendo. Se, por acaso, estiver com muita pressa, dou-lhe resposta por e-mail.
PS. 1. Fernanda só se deixa vilipendiar quem quer. 2. Neste referendo, dado o tema e os argumentos de cada uma das partes, pode ganhar quem tratar o assunto com maior seriedade. 3. Para lhe afagar o ego transcrevo um dos e-mail recebidos (espero que o autor esteja de acordo porque não lhe pedi autorização):
Caro Tomás Vasques,
Entenda que seria fácil dizer-lhe que a Fernanda Câncio tem feito maiscampanha pública do que o senhor, o que nos remeteria para um concursode participação cívica. Não tenciono argumentar por aí, embora meconfunda que, partidário do sim, vá encontrando "sins" remissos e tãodispostos à dúvida que acabam por conceder o espaço todo ao "não". Sempretender fazer juízos preconceituosos sobre a sua posição, faloapenas do que leio. Hoje, criticando a jornalista, não quis explicar oporquê da ausência de sensatez. E quanto à sensatez, vale a penareforçar que pouco tem sido o levantamento do "sim" quanto àsescabrosas faltas do lado do "não".Quanto à moderação.Apesar de vaga, a da posição do PS tem boa sustentação e poucos sevalem dela: a lei é iníqua, a sociedade demonstra-o, vamos resolver. Éo argumento pragmático e legal, considerando que podíamos estar mesesa discutir o valor da vida e o seu controlo nas sociedadespós-modernas, mas isso podia levar-nos a um sem-fim de contradiçõesque não estamos dispostos a sanar, portanto fiquemo-nos por esta.Concorda com a posição do "não" segundo a qual a IVG não iria para afrente, mas em compensação seria aprovada (por quem?) uma lei queacabasse com a penalização? Essa nova lei, a existir, não seria"manca"? Gostaria que esclarecesse as suas posições.
Do leitor, João Machado.

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