Citações.
Extractos de O meu reino por um título!, Joaquim Fidalgo, Público, 28.02.2007
«Exemplos destes ocorrem com alguma frequência e não ajudam a credibilizar o jornalismo. Lembro um episódio semelhante em tempos, quando uma jornalista resolveu perguntar a um político se tencionava vir a candidatar-se à Presidência da República. O político respondeu que não estava a pensar nisso. A jornalista insistiu: "Mas exclui essa possibilidade?". E ele, qualquer coisa deste género: "Não excluo nem deixo de excluir. Em política, as coisas por vezes mudam, nunca se deve dizer nunca, ainda falta tanto tempo... Mas posso dizer-lhe que, neste momento, isso é questão que eu nem sequer me coloco". E a jornalista, insistente: "Mas posso deduzir das suas palavras que não exclui essa possibilidade?". E ele, meio enfadado já: "Postas assim as coisas, é claro que não excluo, mas insisto que não está nos meus propósitos, não estou a pensar nisso...". No dia seguinte, era título de jornal: "Fulano admite candidatura à Presidência da República". E assim se fabricou uma notícia. Que não era notícia, e só o foi porque a jornalista quis que fosse, forçando o político a pronunciar-se sobre um assunto, mesmo não havendo nada de concreto a dizer. Também aqui o título era formalmente correcto, mas induzia em erro.Isto de fazer títulos é uma arte difícil. Só que entre a arte do jornalismo e as artes do ilusionismo há uma distância que convém respeitar.»
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