segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Os novos ditadores.

Volto a António de Oliveira Salazar, cuja memória não oferece qualquer perigo para a democracia e nada obsta a que seja devidamente enquadrado no plano histórico. Aliás, é esse o entendimento de Fernando Rosas, quando faz de académico, a propósito de Salazar, o homem e a sua obra (Entrevistas de António Ferro a Salazar, Parceria A. M. Pereira, 2003): “Já não pode ser um livro de propaganda. Transformou-se, com a erosão do tempo, numa fonte histórica. Provavelmente no “livro de História” que Salazar, ao iniciar a conversa com Ferro, em Setembro de 1938, previa que ele pudesse vir a ser”. Volto a Salazar porque, à míngua de uma extrema-direita digna desse nome, é a extrema-esquerda bloquista que assume parte da herança salazarista, apesar das raízes ideológicas e a intolerância congénita mergulharem no totalitarismo comunista. Há dias, a propósito de um programa de televisão, em que alguém fez a defesa de Oliveira Salazar, Daniel Oliveira, em tom censório, de lápis vermelho na mão, pediu que tal não se viesse a repetir: “A RTP é um canal público que deve defender os valores do Estado Democrático. Não é nem tem de ser neutral nesta matéria.” – Escreveu. Hoje, Joana Amaral Dias, no DN, sustentada no mesmo suporte ideológico, antes do Ministério Público proferir acusação e, sobretudo muito antes do julgamento a que qualquer cidadão tem direito num Estado de Direito Democrático, proferiu já a sentença, como nos tribunais plenários: “atolada no lodo da corrupção e das traficâncias, a maior autarquia é uma intriga de máfia medíocre.” A situação na Câmara de Lisboa tornou-se insustentável politicamente, como aqui já escrevi. Mas daí à arruaça de rua bloquista vai um abismo. E sobre Salvaterra de Magos? A Dra. não escreve? Pois… Digo: se, daqui a um ou dois anos, os Tribunais se decidirem pela inocências dos arguidos, é preciso cobrar a esta gente estas “condenações” sovietizadas; é preciso, então, puxar o autoclismo.

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