Cego é aquele que não quer ver.
Mantenho desde há algum tempo uma cordial troca de «galhardetes» com Vítor Dias (O tempo das cerejas). Umas vezes é sobre o papel das manifestações nos regimes democráticos; outras, sobre o significado da "vitória" de Oliveira Salazar num recente concurso de "misses"( sem ofensa...), no qual Álvaro Cunhal foi a primeira dama de honor. Nestas conversas, naturalmente, vem sempre à baila aquilo que é decisivamente importante: democracia versus ditadura. E, como não podia deixar de ser, foge-me sempre a argumentação para a natureza do regime da ex-União Soviética, o qual Vítor Dias sempre defendeu com unhas e dentes. Desta vez, o meu interlocutor (para além de me atribuir um defeito que, sinceramente, julgo não ter: espírito superior), garantiu-me que: «se por acaso ele (Tomás Vasques) fosse do PS, a mim jamais me passaria pela cabeça responsabilizá-lo a ele ou ao PS português pelos crimes das guerras coloniais da Argélia e da Indochina onde o PS francês tanto sujou as mãos de sangue.» Meu caro Vítor: primeiro, eu sou militante do PS; segundo (e aqui reside toda a diferença): ninguém me pode responsabilizar por crimes cometidos por partidos socialistas de outros países porque eu condeno em tempo oportuno tais crimes, da mesma forma que crítico actuações erradas (na minha perpectiva) do PS português, quer enquanto governo, quer enquanto oposição. Ora, quem defendeu a URSS como o «sol da terra» não pode agora sacudir a água do capote; não se pode deixar de assacar responsabilidades por tal defesa. É, sublinho, aqui que reside a diferença que me parece tão elementar com a respiração.
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