A «cultura» do drama.
Casos como o de Andreia Elisabete/Joana Filipa – porventura, com protagonistas muito próximos – aconteceram vários durante os últimos trinta anos. Contudo, este caso é paradigmático da «cultura» de faca e alguidar a que chegou a comunicação social nos nossos dias. Há trinta anos aparecia (quando aparecia) meia dúzia de linhas, sem o menor relevo, numa qualquer página interior dos jornais, aquando do rapto. A televisão nem perdia tempo com o assunto. Quando era encontrada a raptora, os jornais ampliavam a notícia, sem sair das páginas interiores, e sem destaque significativo. A televisão poderia dar uma nota de fim de telejornal, do tipo: “A bebé desaparecida há um ano do hospital X foi encontrada graças ao trabalho da polícia judiciária. Encontra-se bem de saúde e os tribunais decidiram entregá-la aos pais naturais, apesar de se tratar de uma família de fracos recursos económicos e com 7 filhos.» O assunto morria por aqui. Passados trinta anos, é o que se lê e vê e que todos conhecemos. Há mesmo programas de televisão com participação do «público» sobre o assunto com duração de horas, enquanto os jornais e os noticiários não largam o osso. Não há discussão política que resista a esta «cultura» de faca e alguidar.
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