Isenções.
José Pacheco Pereira escreve, hoje, no Público (À espera que o assunto morra por si... ) sobre a relação entre jornalistas e políticos a propósito da licenciatura do primeiro-ministro.
Cito: «Este "consenso" de rebanho entre jornalistas sobre aquilo de que se pode ou deve falar, e sobre os temas malditos que "sujam" as mãos de qualquer profissional e merecem o ostracismo dos outros, é o resultado destilado dos gostos, amizades pessoais e políticas, ideias feitas, ignorâncias activas, vinganças, que unem grupos de jornalistas entre si. O pack journalism traduz também a relação ambígua que muitos jornalistas mantêm com políticos que têm a mesma idade, a mesma formação, a mesma linguagem, o mesmo vocabulário, as mesmas escolas de ver o mundo, as mesmas ignorâncias, os mesmos ódios, os mesmos adversários. As paredes do Snob e outros bares frequentados pela "classe" estão cobertas destas camadas de pack journalism até ao tecto e os blogues de jornalistas revelam-nas com uma ingenuidade alarmante.
(…)
A não existir dolo, nem facilitação gravosa e excepcional no processo académico do primeiro-ministro, o que sobrará de toda esta questão é bem mais grave do que saber se José Sócrates é ou não engenheiro, agente técnico, ou estudante finalista: é o modo como a comunicação social se coloca perante o poder socialista.» (sublinhado meu).
Para que o texto de hoje, no Público, assinado por Pacheco Pereira fosse isento bastava ter colocado, nesta última frase, o ponto final no poder, na medida em que o Snob não abriu as suas portas em 2005, nem se vislumbram alterações significativas entre jornalistas e políticos nos últimos vinte, vinte e cinco anos. Foto: O Século Ilustrado, n.346, 19 August, 1944 . Na fotografia vemos o jornalista italiano Virginio Gayda, «que foi porta-voz durante muito tempo de Mussolini.» (Ilustração Portuguesa)
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