quinta-feira, 12 de abril de 2007

O velho do Restelo.

Já escrevi várias vezes neste espaço que a blogosfera é uma revolução tranquila nas esferas comunicacional, informativa e, sobretudo, na participação dos cidadãos no quotidiano político, cultural e social. As opiniões multiplicam-se, globalizam-se e questionam. A cada cidadão corresponde uma opinião – exerce-se, assim, uma democracia mais participada. Este é o exercício de uma democracia que o século XX não conheceu, mas que – entendo eu – vai marcar o século XXI. Os poderes instituídos, arautos de choques tecnológicos, mas sem lhe medirem as consequências, sentem-se incomodados com a participação dos cidadãos que estes novos registos permitem. A comunicação social tradicional é domesticável; esta nova fórmula não – concluem. Neste momento, usam como arma de arremesso a franja desta revolução tranquila, anónima por excelência e, na maior parte dos casos, por cobardia, que se constitui com uma nódoa pela irresponsabilidade a coberto desse anonimato, para zurzir neste multidão que tem opinião e que a transmite sem peias. Não ouvi, mas li três ou quatro notas sobre a apreciação depreciativa do primeiro-ministro sobre a blogosfera. Se assim foi significa que ainda não entendeu a substância do que designou por choque tecnológico. Apenas reteve a forma. De qualquer modo, não é de admirar a resistência do statu quo sobre a inovação. É um dado histórico que se repete a cada momento: o velho do Restelo, como Camões o consagrou. Mas, contudo, a terra move-se.

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