quinta-feira, 17 de maio de 2007

Descer a escada.

Fico divertidamente compungido ao ver passar a procissão do Santo António de Lisboa. À direita do PS atiraram foguetes quando Helena Roseta anunciou a sua candidatura à frente de um «movimento de cidadãos». E fizeram romagem às Portas de Santo Antão, doando assinaturas, num simulacro de quem cumpre um dever cívico. Entretanto, Roseta, ofendida na sua honra ideológica, caminha inexoravelmente para o espaço residual que lhe alimenta os sonhos: a extrema-esquerda. A pedido de Roseta (já tolhida pelo desespero do fiasco que a espreita), Paulo Fidalgo, Bernardino Aranda e João Bau, do «movimento de cidadãos» denominado Refundação Comunista, discutem esta tarde a conjugação de esforços e a mercearia dos lugares nas listas, enquanto Sá Fernandes não se cansa de enviar bombons e ramos de flores à ex-socialista (a bagunça conta-se assim para quem tem memória curta: Fidalgo integrou, em 2005, a lista do Bloco de Esquerda liderada por Sá Fernandes à Câmara Municipal de Lisboa; João Bau, foi eleito pelo BE para a Assembleia Municipal de Lisboa e Bernardino Aranda, foi compensado com uma assessoria a Sá Fernandes). O espaço político (e ideológico) de Roseta está, assim, definitivamente fixado. Na ala direita desta procissão lisboeta, onde as velas já arderam até ao fim do pavio, o «movimento de cidadãos» encabeçado por Carmona Rodrigues aguarda, até ao último segundo, e sem recurso para o Tribunal Constitucional, que alguém que beneficie com a sua candidatura lhe diga que avance que a recolha das assinaturas está garantida. Sem essa garantia não vai avançar para lado nenhum, naturalmente. Lisboa transformou-se no laboratório de todas as experiências, de todos os ressabiamentos, de todas as vaidades e de todas as guerras políticas-partidárias. Aguardo serenamente que algum dos muitos candidatos esteja mesmo a pensar em Lisboa.
(foto daqui.)

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