Ameaças (2).
Helena Roseta abandonou ontem o PS para, segundo o Público, «ser candidata independente à presidência da Câmara Municipal de Lisboa se, entretanto, nenhuma candidatura de esquerda que una o PS, o PCP e o BE surgir». Isto na sequência da falta de resposta de José Sócrates à sua disponibilidade para ser candidata pelo PS. Esta eventual candidatura assenta arraiais no nervosismo alegrista que, não tendo entendido devidamente o fenómeno que constituiu o resultado eleitoral de Alegre nas presidenciais, teme que o tempo desfaça o que pensam ser o «seu espaço eleitoral» assente num «movimento de cidadãos aberto a várias causas», nas palavras de Roseta. Acresce a este «caldo de cidadãos», cujo substrato ideológico se alimenta do «messianismo» que tanto pode dar um Salazar, como um Hugo Chàvez, que Helena Roseta está, neste momento, politica e ideologicamente mais próxima do PC e do BE do que do PS, com a agravante de ter aqui chegado depois da queda do muro de Berlim.
O eleitorado que alimenta este «caldo» de extrema-esquerda pode bordejar o PS (e, também, o PSD), mas concentra-se muito mais no BE e no PCP. Daí entender, meu caro Paulo Gorjão, que Helena Roseta é mais uma ameaça a Sá Fernandes e a Ruben de Carvalho do que ao PS, sem esquecer, como é óbvio, que a eventual candidatura de Roseta à Câmara de Lisboa cria uma dificuldade ao PS, sobretudo sabendo que João Soares perdeu as eleições, em 2001, por 700 votos. Mas, o que é deveras relevante nesta disputa eleitoral intercalar, são os candidatos do PS e do PSD, o que cada um se propõe fazer neste ano e meio e a confiança que transmitirem sobre o cumprimento das suas propostas. A ver vamos dentro de dois meses.
(PS: pela leitura blogosférica parece que é já um dado adquirido a eventual candidatura de Helena Roseta dar a vitória ao PSD de mão beijada).
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