A história é uma armadilha permanente.
O suplemento do Diário de Notícias da Madeira, de hoje, faz referência a um acontecimento histórico interessante: em 1882, chefiava o Governo Fontes Pereira de Melo, foi necessário realizar eleições intercalares para eleger o deputado da Madeira. O representante do Funchal, Luís de Freitas Branco, morrera a meio do mandato. Estava, então, o «fontismo» no auge e os madeirenses descontentes por via do completo abandono em que o Governo os deixava. Fontes Pereira de Melo e o Partido Regenerador escolheram como candidato Anselmo José Braamcamp. Os madeirenses, querendo contrariar o Governo, escolheram o republicano Manuel de Arriaga e este ganhou, à segunda volta, apesar das intimidações do Governo. Dois anos depois, em 1984, o Governo não esteve com meias medidas e impediu a eleição de Manuel de Arriaga, através da fraude eleitoral e da repressão (a polícia disparou sobre a população que se oponha à descarada fraude provocando 7 mortos e muitos feridos). Em consequência, foi «eleito» o candidato do Partido Regenerador. Vinte e tal anos depois, em 1911, Manuel de Arriaga voltou a ser eleito pelo círculo do Funchal e mantinha essa qualidade quando, no mesmo ano, foi eleito Presidente da República. Quando um dia Raul Brandão perguntou a Arriaga qual a melhor impressão que guardava de toda a sua vida, este respondeu: - a ternura do povo da Madeira por mim.
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