Lisboa (1)
Os males da Câmara Municipal de Lisboa são por demais conhecidos. Até por quem não conhece «aquela máquina». Os lisboetas já embarcaram em várias «experiências»: nuns casos porque o candidato era «simpático», noutros por ser «independente»; nuns por prometerem tudo e mais alguma coisa, como quem vende bacalhau a pataco; noutros, talvez o «rigor técnico» merecesse o apoio maioritário dos lisboetas. E a cidade e a sua Câmara estão como estão. «Há, nos olhos meus, ironias e cansaços» - diria o poeta. Por isso, qualquer candidato ao cargo de presidente com possibilidades reais de o ser – refiro-me ao PS e ao PSD – não podem vir à liça com paninhos quentes. Ainda por cima com um mandato limitado a menos de 2 anos de trabalho efectivo. Isso significa duas coisas: primeiro, concentração (prioridade) em 3 áreas e um programa a 100 dias. As 3 áreas são: saneamento financeiro, espaço público e reabilitação urbana, planeamento e gestão urbanística. E já não é pouco. O saneamento financeiro implica, sobretudo: 1. extinguir nos primeiros 100 dias todas as empresas municipais que não tenham participação privada (não existe uma única razão para a transferência das competências municipais para as «ditas» empresas»); 2. Reestruturação a 100 dias da «máquina municipal» reduzindo-a a 5 direcções municipais; 3. Os gabinetes do Presidente e dos vereadores não devem ultrapassar o que a lei consagra: o Presidente tem direito a um chefe de gabinete, 2 secretárias e 2 adjuntos. (Ouvi dizer que no presente mandato só o vereador do Bloco de Esquerda tem 9 ou 10 assessores). Há muitos interesses das nomenclaturas partidárias instalados que vão espernear, mas isso não pode pesar face aos interesses da cidade. Sem propostas deste tipo, concretas e calendarizadas, as eleições em Lisboa são uma roleta russa.
(foto daqui)
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