quinta-feira, 24 de maio de 2007

Lisboetas.

Em 2001, a editora Livros Horizonte, em colaboração com o grupo Os amigos de Lisboa, publicou o Dicionário das Alcunhas Alfacinhas a partir de uma relíquia constituída por mais de um milhar de folhas de bloco de pequeno formato, manuscritas, desconhecendo-se o seu autor. Ninguém deve renegar os seus antepassados. Transcreve-se uma das 1250 entradas: «Chico do Alegrete: Chamava-se Francisco Pedro ou Francisco Silva e era carpinteiro. Foi um dos amantes da Severa. Frequentador das vielas da Mouraria, acabou por deixar o ofício e tornou-se um vadio e desordeiro, resolvendo as contendas à facada. Outros fadistas desse tempo eram: o Bichoso, sapateiro, filho de um contrabandista, chamado Eleutério; o Macaco Encarnado, alcunha que lhe puseram no Bairro por ter o cabelo ruivo, era pedreiro; o Zanaga, rufião chamado Sebastião, amante de Maria Nazaré, a Ervanária da Mouraria, que viveu na Rua Capelão (essa mulher de boa figura vendia mesinhas e perfumes para bruxedos, emprestava dinheiro sobre penhores e era proxeneta, prestando-se ela mesmo a substituir as suas protegidas quando a preferiam); o Carolas, que foi sapateiro antes de se entregar à vadiagem; o Preto do Borratém, tipo perigoso de largo cadastro; o Licanço, que foi marujo, tendo levado baixa pelo seu mau porte; o Nicas, bolieiro chamado Tomás, que foi um terrível fadista (trabalhou como sota em casa dos marqueses de Tancos e condes de Atalaia) ; o Luísinho de Setúbal, que foi serigueiro e deixou o trabalho para se entregar à vadiagem; o Cantante, gatuno, desordeiro e vadio que foi degredado para Africa; O José dos Riscos, faquista muito conhecido na Mouraria, Bairro Alto e Alcântara (foi morto à facada pelo Ranhoso); o Carlos Miminho, amante de uma colareja a quem explorava e o Minhoca, que assassinou uma velhota em Arroios

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