segunda-feira, 28 de maio de 2007

O Teniente-Coronel Hugo Chávez e o «movimento boliviano de cidadãos»

A primeira vez que estive em Caracas, em 1993, estava o Teniente-Coronel Hugo Chávez preso na sequência da tentativa de golpe militar (4F de 1992) contra um governo legal e legítimo, apesar da notória impopularidade deste. Na altura, tive oportunidade de ler a literatura política do «Movimento Revolucionário Bolivariano 200» – o movimento golpista. Frases vazias do tipo: «o movimento bolivariano consiste em estabelecer uma autêntica democracia fundamentada nas raízes históricas e no carácter de milhões de homens e mulheres venezuelanos.» Ou «o nosso movimento representa os cidadãos venezuelanos que se querem libertar da tirania que se esconde debaixo da capa de uma democracia …». Este paleio ganhou um bom número de adeptos entre os intelectuais que se encostaram ao golpismo militar em nome de uma «autêntica democracia» e que condenavam, sem apelo, nem agravo, os partidos políticos e os dirigentes políticos «corruptos» da Venezuela, nomeadamente Carlos Andrés Pérez. Muitos destes intelectuais aplaudiram de pé quando Rafael Caldera, eleito Presidente da República, libertou o golpista Teniente-Coronel Hugo Chávez. Entre estes intelectuais tenho vários amigos, sobretudo um com o qual almocei, em Caracas, há pouco mais de dois anos. Nesta altura, ele que apoiou Chávez na sua ascensão ao poder, que desempenhou cargos importantes, na área da cultura, durante os seu primeiro governo, já era considerado o «intelectual da contra-revolução» em múltiplos artigos na imprensa venezuelana, apesar de ainda manter uma crónica semanal no principal diário de Caracas. Acompanho ainda, à distância, as suas crónicas semanais, as quais, cada vez mais, abordam o deslize para a ditadura através de exemplo históricos. Esta lenga-lenga vem a propósito do fim da democracia na Venezuela, cujo ponto de não retorno foi o encerramento da RCTV - A emissora privada de TV Radio Caracas Televisión.
(Adenda: Só depois de visualizar este texto já editado reparei na data: 28 de Maio. Também há 81 anos um «movimento boliviano» se instalou em Portugal.)

Sem comentários: