Câmara ardente para os lados do PSD.
Fernão Negrão é, nestas eleições intercalares à Câmara de Lisboa, uma carta fora do baralho. Não conhece Lisboa, nem conhece os problemas da cidade. Por isso, não tem uma ideia – uma única. Nem ele, nem quem o rodeia. Os cartazes da campanha de Negrão são um bom exemplo do desnorte: nem uma ideia simples (colar António Costa ao Governo) consegue transmitir com clareza. Aqui não manda o governo, manda o presidente é de bradar aos céus. Aquela ideia de propor um jardim suspenso no Largo do Rato também é de antologia, sobretudo numas eleições intercalares em que não é exigível mais do que três ou quatro prioridade bem diagnosticadas. A cereja em cima do bolo, apesar da procissão ainda ir no adro, foi a confusão entre IPPAR, EPUL e EPAL. De tão anedótica, até parece propositada. Tão propositada que, quando lhe perguntaram se apoiava Marques Mendes, Negrão foi ágil na resposta: não sou militante do PSD. O que significa: não me comprometam. Mas este filme rasca não tem como actor principal Fernando Negrão. O protagonista do resultado eleitoral de Negrão no dia 15 de Julho é Marques Mendes. Pelo andar da carruagem, não há ninguém no PSD que, neste momento, não esteja a amolar as facas e a construir cenários. Tudo se conjuga para que o maior partido da oposição seja o único derrotado nestas eleições intercalares de Lisboa. O que não deixa de ser caricato. (Para compor o ramalhete só falta Telmo Correia não ser eleito. Não haverá amoladores suficientes…)