Distracções.
Nós, portugueses, somos muito «distraídos». Entre nós é natural um Ministro da Saúde dizer numa entrevista: «Nunca vou a um SAP nem nunca irei». Ou seja, o Ministro da Saúde dá-se ao luxo de desvalorizar os cuidados médicos prestados por um serviço na sua dependência a que recorrem milhares e milhares de portugueses. Esta tirada não passaria incólume na maior parte dos países europeus. Seriam pedidas explicações detalhadas sobre o sentido da declaração, senão mesmo a exigência da sua demissão. Mas, entre nós, ninguém deu por isso. Ou melhor, deu por ela um médico do Centro de Saúde de Vieira do Minho. E comentou a frase de forma apropriada, como qualquer pessoa de bom senso o faria. Quase um ano depois, demos pela «coisa». E só lá chegámos porque o ministro em causa, há seis meses, deu realce à sua afirmação com uma atitude intolerante. Mas, mesmo hoje, ninguém questionou o essencial: a frase do senhor Ministro. Ficamos pelo acessório. Somos mesmo um povo distraído!