Lisboa ao deus dará.
Quase todos os candidatos à Câmara de Lisboa parecem cata-ventos à procura de votos. Sem estratégia, nem ideias. Visitam um lar de terceira idade e, à saída, afirmam: «os mais idosos são a nossa primeira prioridade»; passam por uma associação de cegos, e proclamam: «a cidade é uma armadilha para os invisuais; permitir-lhes uma melhor qualidade de vida é a nossa primeira prioridade»; recebem o apoio de uma associação de auto-motorizados e, de imediato, sem pensar, disparam: «impedir a entrada de carros na cidade é a nossa primeira prioridade»; dão um passeio pela feira do livro, e exclamam: «melhorar o parque Eduardo VII e a feira do livro é a nossa primeira prioridade”. Para além das «primeiras prioridades» há os disparates primários, daqueles que até a minha prima Josefina, que acabou a 4ª classe em 1961 e não quis prosseguir os estudos, fica de boca aberta: uma candidata afirmou que, com ela na Câmara, os espaços públicos, como o Parque Mayer, teriam sido sujeitos a concurso público de ideias entre os arquitectos portugueses. «Esqueceu-se» de um pormenor irrelevante: o Parque Mayer não era (é?) um «espaço público». Tinha (tem?) um proprietário: a Bragaparques. Já chegámos a Havana ou estamos só em Caracas? E depois dos votos, o que vão fazer de Lisboa?
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