quarta-feira, 13 de junho de 2007

Marchas populares.

Por esses dias, o ditador António de Oliveira Salazar definhava num quarto do palácio de S. Bento, meio tonto, meio lúcido - ao que se dizia -, talvez gozando a hipocrisia daqueles que lhe impingiam a treta de que ainda era Presidente do Conselho. Encontrámo-nos ao jantar, em véspera do dia de Santo António, num pequeno restaurante nas Escadinhas do Duque, talvez no Transmontana, para participar numa noitada de conspiração antifascista. Depois de jantar, dirigimo-nos à Avenida da Liberdade. Aí, começámos por distribuir panfletos contra a farsa eleitoral que se avizinhava e as ilusões da primavera marcelista. A noite estava quente e uma multidão bairrista, a cheirar a sardinha assada e a suor, assistia entusiasmada à passagem das «marchas populares», as quais desfilavam, bairro a bairro, avenida abaixo, mais ou menos com o mesmo figurino do evento que ainda hoje se realiza. Nessa altura, há quase quarenta anos, tratava-se - dizia-se - de um evento destinado a «alienar o povo». Hoje, diz-se, que é um evento que procura «preservar a identidade cultural da cidade». Quem saberá onde está a verdade?

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