Referendos.
Não me sensibiliza o argumento «democrático» dos paladinos do referendo ao novo Tratado da União Europeia. Não acredito na ladainha hipócrita do PCP e do Bloco, do tipo: «Deve ser o povo a decidir», mas compreendo as suas motivações políticas contra o governo e contra «esta» Europa – ainda por cima uma Europa que em menos de vinte anos integrou a maior parte das «repúblicas socialistas». Compreendo, também, que Marques Mendes defenda a realização do referendo: um líder da oposição frágil e sem propostas alternativas tem de agarrar todas as oportunidades que lhe saem ao caminho. O resultado do referendo – se se realizar –, seja qual for, quer quanto à participação, quer quanto à votação, não o ajudará politicamente em nada. Talvez, antes pelo contrário. Mas, só de pensar que José Sócrates quer fugir ao referendo (com o apoio de Cavaco Silva), até lhe brilham os olhos. No entanto, não é líquido que José Sócrates quer fugir ao referendo. A única coisa que é líquida é que não quer denunciar a opção antes de Outubro, após a aprovação do texto do Tratado. Depois, talvez a realização do referendo lhe dê jeito…De qualquer forma, resta saber se nessa altura ainda é Marques Mendes que está à frente do PSD.