Telhados de vidro?
Vítor Dias (o tempo das cerejas) exige um pouco mais de rigor a Mega Ferreira, porque este, em artigo publicado na Visão, se interroga «por que razão a CDU perdeu quase metade dos votos e dois pontos percentuais em relação às autárquicas de 2005». Vítor Dias explica, em resposta, que «não se pode considerar «perda de votos» aquela que resulta de um significativo aumento da abstenção». É verdade. Mas por ser verdade, seria honesto da parte de Vítor Dias criticar da mesma forma o comunicado da Comissão Política do CC do PCP, onde se lê: «a votação do PS e de António Costa constitui, sem dúvida, quando comparada com o resultado obtido pelo PS nas legislativas de 2005 (42,5 por cento), uma significativa redução da base de apoio do PS e uma condenação da política de direita do actual Governo.» Aqui, Vítor Dias já não tem problemas em que se compare duas eleições diferentes – legislativas e autárquicas – com níveis de abstenção diferentes e, nas legislativas, sem candidaturas «independentes». Portanto, comparar tudo o que não é comparável. Porque se trata da posição do PCP, Vítor Dias admite todas as comparações sem exigir rigor. (Em nota de rodapé, uma pergunta relacionada com rigor: Jerónimo de Sousa disse que «O resultado do PS confirma uma reduzida credibilidade política.» Ora, se 30% corresponde a uma reduzida credibilidade política, 10 % corresponde a quê?). A telhados de vidro?
(Imagem: acrílico sobre tela de Ricardo Paula. O gesto é apenas uma expressão, não uma ofensa.)
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