quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Dalai Lama? Quem é?

A República Popular da China está a duas ou três décadas de se transformar na maior potência do mundo, ofuscando por completo a influência dos Estados Unidos e da União Europeia. O nosso umbigo está a Ocidente e, por isso, perdemos de vista o que se passa para além da nossa rua. Parece que é preciso visitar Pequim ou Xangai, por exemplo, para perceber a dinâmica da «coisa». A «revolução proletária” saída da barriga do «modo de produção asiático», em 1949, associada à experiência negativa do modelo soviético, está na origem de novos conceitos «marxistas» produzidos pelos dirigentes do partido comunista chinês, algo que ninguém quer encarar na sua real dimensão teórica e prática: adicionar o «melhor» da prática marxista (o partido único, a ausência de liberdades e de democracia, de sindicatos, partidos, comunicação social e outras «minudências) ao «melhor» do capitalismo na versão dos primórdios desavergonhados da revolução industrial (trabalho infantil, 16 horas de trabalho diário, e por aí fora). Esta é uma combinação explosiva, acreditem. O Presidente da República e o Primeiro-Ministro, em Portugal, ignorarem o Dalai Lama é apenas um sinal insignificante. O PCP, sempre atento, também sabe da poda. Enquanto isto se passa, a «blogosfera» participa, em regra, no jogo: concentra-se no acessório - em Cuba e na Coreia do Norte - , e despreza o essêncial - a República Popular da China. Todo o mundo vai, cada um a seu modo, metendo a cabeça debaixo da areia. Não esqueçam: «o Oriente é vermelho, o ocidente o será».