sexta-feira, 21 de setembro de 2007

||| Vender gato por lebre.

Francisco Louçã questionou, hoje, no Parlamento, José Sócrates sobre duas nomeações para cargos públicos de coordenação na área da saúde de personalidades que têm funções dirigentes na actividade privada. Esta é uma falsa questão. Para Louçã é irrelevante que essas pessoas deixem de exercer o cargo que ocupam ao serem nomeados para cargos públicos. Não está em causa a competência técnica das pessoas ou a sua isenção. O que está em causa para ele – Louçã – é que exercer (ou ter exercido) cargos na actividade económica privada é uma espécie de antecâmara de «criminalidade». Estão «infectados». Duas consequências: no modelo de sociedade «socialista» que o BE almeja, a propriedade privada, como «crime», será abolida (até o partido comunista chinês percebeu o desastre deste «socialismo»); no entretanto, os cargos públicos serão destinados, apenas e só, a quem decidiu «abraçar» a causa pública e não se deixa «contaminar» pela «ideologia» dos interesses privados, nomeadamente pessoas que giram à volta das nomenclaturas partidárias e fazem disso modo de vida. Aí, onde a «competência» se mede pela fidelidade ao partido. Por exemplo, como os 11 assessores de um vereador sem pelouro na Câmara de Lisboa. Louçã não perde uma oportunidade para escorregar para a «revolução permanente». Não tem nada de mal, antes pelo contrário. As sociedades democráticas são feitas da (e na) diversidade. É essa a sua principal riqueza em relação a todos os modelos experimentados. Louçã não precisa é de vender gato por lebre.
(Adenda: «Declarando-se "profundamente sentido", Joaquim Gouveia (um dos visados) declarou: "Desminto categoricamente e lamento profundamente uma acusação desta grandeza feita numa situação em que não me era possível defender." Em comunicado precisou que foi "substituído na direcção do Serviço de Oncologia do Hospital Cuf Descobertas a 7 de Abril de 2006» e «Não dirigo um serviço cardiovascular nos Hospitais Privados de Portugal. É mentira", disse Seabra- Gomes (outro dos visados)», segundo o Público de hoje.