||| O referendo.
Não há, na democracia portuguesa, uma tradição referendária. Nem os portugueses estão com isso preocupados. Antes pelo contrário: nos três referendos realizados mais de metade dos eleitores dispensou a participação. Não acreditam no «esclarecimento» que daí advém ou, quem sabe, ainda carregam o «trauma» do referendo à Constituição de 1933. Então, no que diz respeito à Europa e aos seus tratados, referendo é algo que nunca lhes passou pelo goto: não referendaram o Tratado de Adesão, assinado a 12 de Junho de 1985, nem o Acto Único Europeu, nem os Tratados de Maastricht e de Amesterdão. Porque cargas de água têm, agora, de referendar o novo Tratado? Porque há uns «ilustres» que precisam de espaço para «esclarecer» duas coisas que sabem de antemão: a primeira é que o Tratado é mau, muito mau mesmo. Provoca desemprego, pobreza e outras mazelas; a segunda é que um governo que quer ver aprovado este Tratado é mau, muito mau mesmo. Em consequência, votar neste governo nas próximas eleições legislativas é votar na «desgraça» que o Tratado nos traz. Cá por mim tanto o referendo, como o Tratado não alteram grande coisa.