||| Outono.
O Outono está cada vez mais Outono. Noto no cheiro a terra molhada, no cair da noite e na pasmaceira política. A agitação nas hostes do PSD, no rescaldo da eleição de Filipe Menezes, amainou. Não resistiu uma semana. A oposição anda escondida. O CDS vegeta, enquanto Paulo Portas procura desesperadamente uma «nova oportunidade». O PSD está adiado até ao Congresso. O PCP está a recuperar do esgotamento em que a Festa do Avante o deixou. O BE ainda não se encontrou depois do «acordo de Lisboa». Neste silêncio, nesta ausência de política, a oposição ao Governo ficou esta semana nas mãos dos socialistas: João Cravinho, em entrevista à Visão, queixa-se da insensibilidade do PS para combater a «corrupção de Estado, a apropriação de órgãos vitais de decisão ou da preparação da decisão por parte de lóbis»; Carlos César, por sua vez, demonstrando a sua boa educação, disse qualquer coisa imprecisa contra o Governo, ao pisar terra madeirense. E, por não haver mais nada, se transformam em notícias importantes. Nesta pasmaceira, sem centelha de vida política, ao «povo» resta-lhe dedicar-se ao futebol (onde sente que pode participar, discutir, ter opinião) ou ao caso McCann (onde pode mudar de opinião todos os dias). Pela minha parte, à falta de melhor, e porque é Outono, a partir de amanhã inicio a época do cozido à portuguesa. E seja bem vindo quem vier por bem. E pode trazer outro amigo, também.