||| A «nova» classe operária.
No dia 30 de Novembro há uma greve geral da função pública, a que se juntou o Sindicato Independente dos médicos. Esta greve geral significa, em primeiro lugar, uma expressão do descontentamento dos trabalhadores da função pública face às políticas do governo, quanto a aumentos salariais neste sector e quanto às consequências da reforma administrativa. Em segundo lugar, é uma expressão do complexo sistema de «pesos e contrapesos» que as sociedades democráticas dispõem para manter o equilíbrio da «vontade popular» para além da expressão eleitoral. Em terceiro lugar, significa que a força do partido da «classe operária» - o PCP – reside na função pública. É aqui que reside, de facto, o essencial da sua base social de apoio. E é aqui, também, que reside a maior contradição e a maior fraqueza do PCP: é um partido que representa sectores da «pequena burguesia» e da «aristocracia operária», mas que lhes propõe, como solução para os seus males, a «revolução proletária». Ora, acontece que a «pequena burguesia» e a «aristocracia operária» não querem a «revolução proletária», porque sabem que têm mais a perder do que a ganhar. Num momento de crise «revolucionária» estarão na primeira linha contra qualquer veleidade de tomada de poder pelo PCP. Esta contradição ente a base «ideológica» (miragens do XIX) do PCP e a sua «base social de apoio» remete-o para o papel de «tubo de escape» do «sistema». E, o pior, é que daqui não podem sair por muito que sonhem com os amanhãs que cantam.