||| A costa oeste da Europa vista de fora.
O futuro de Portugal visto de NYC, Francisco Veloso, Público,14.01.2008. Sublinhados meus.
«Quando o influente jornal New York Times publicou recentemente a sua cobiçada lista com os "Destinos a visitar em 2008", Lisboa surgia em número dois. (…) Este destaque dado pelo New York Times a Portugal é inaudito. De facto, se procurarmos referências ao país como destino de viagem neste jornal nos últimos anos, encontramos apenas 10 apontamentos entre 2002 e 2005, e nenhum em 2006!
Mas tudo mudou em 2007. No ano que terminou, encontramos dez referências na secção de viagens do diário, tantas quanto as que apareceram nos cinco anos anteriores. Este contraste é particularmente significativo se compararmos, mais uma vez, com as referências à vizinha e gigante turístico Espanha, que nos últimos anos tem mantido uma média de 30 por ano, incluindo 2007. O destaque é significativo se olharmos também para países mais pequenos como a Holanda, que tem tido seis a nove referências anuais e oito em 2007. (…)
O que realmente surpreende no conteúdo dos artigos é o facto de a tónica dominante ser um Portugal que não esquece as suas tradições, mas também que aposta no moderno, criativo e mesmo na vanguarda (…)
Ao lermos os títulos e analisarmos os conteúdos das várias notícias, reparamos que os elementos que povoam de forma sistemática os escritos são hotéis de charme, restaurantes modernos e criativos, áreas de exposição e galerias de arte moderna, bares de vanguarda e lojas que promovem lado a lado nomes reconhecidos do design internacional e novos artistas e designers nacionais, sejam eles de mobiliário ou moda. Vários factores poderiam explicar o repentino interesse do New York Times no nosso país. Primeiro, Portugal ocupou a presidência da União Europeia no segundo semestre de 2007. Este aspecto aumentou a atenção dos media internacionais sobre o país e deverá, pelo menos de forma indirecta, ter influenciado a ideia de Portugal como destino de férias. O segundo factor é a perda de valor do dólar face ao euro. Com os turistas americanos preocupados com o seu poder de compra quando viajam, a busca de locais menos dispendiosos aumenta. E, efectivamente, a notícia que sugere Lisboa com um dos destinos de referência para 2008 refere esse aspecto de forma explícita. No entanto, se estes factores ajudam a entender a maior visibilidade, não explicam a perspectiva dominante dos artigos, que apresentam Portugal como um destino com um crescente ambiente de charme, design e modernidade. De facto, precisamente devido a este ênfase, muitos dos hotéis, restaurantes ou lojas referidos nos artigos são extremamente luxuosos, e por isso com preços que ombreiam com qualquer outro destino em França ou Espanha. Assim, vale a pena acreditar que as notícias sugerem que estamos a dar os passos certos para mudar a imagem externa de Portugal no exterior.
Jornais como o New York Times são extremamente influentes. Em primeiro lugar, o jornal tem um impressionante número de leitores. É o jornal com a terceira maior tiragem impressa nos EUA e o mais visitado site de Internet, com mais de 13 milhões de visitantes únicos por mês. Mas é particularmente importante também porque é visto como uma referência incontornável por muitos, em particular o segmento com mais poder de compra e influência na sociedade americana e na comunidade internacional, os outros media internacionais, e ainda agências de viagens. Por isso, a nova atenção dada a Portugal e, em particular, a imagem que é transmitida são muito boas notícias para o país.
Num dos artigos de Novembro, Gisela Williams escrevia que o Douro era agora um destino a caminho do futuro, com um pé firmemente assente no seu rico passado. Esta caracterização, que sumariza bem a ideia destes recentes artigos publicados sobre Portugal no NYT, transmite a imagem de um país que vale a pena ambicionar, e para o qual dá gosto contribuir. É um bom prenúncio e um factor mobilizador para que nos possamos dedicar a afirmar esta visão de Portugal neste ano de 2008 que agora se inicia.»
(para ler na íntegra)