sábado, 26 de janeiro de 2008

||| Sonhos bolivarianos à moda de Caracas.

A maioria absoluta do PS e a governação de José Sócrates deixaram um espaço de crescimento eleitoral à «esquerda». Estando o PCP completamente enferrujado, o Bloco (apesar de ser feito do mesmo material do PCP tem feito um zeloso trabalho para esconder a ferrugem) seria o natural beneficiado. Isso é tão evidente que até Louçã, em tempos, se entusiasmou. («A estratégia do BE é destruir o actual mapa político português para polarizar um campo novo que lute pelo socialismo (…) Podemos e queremos ter a maioria. As grandes ideias da política socialista que defendemos concretizam-se em programas de governo. Quando tivermos a responsabilidade de uma maioria de mudança estaremos prontos a assumi-la por inteiro.» - em entrevista ao DN). Mas a Alegre e Roseta andam a estragar os sonhos de crescimento do Bloco. Nas presidenciais, Louça atirou-se para a frente «convocando» o «povo de esquerda» a votar nele. Mas o desastre bateu-lhe à porta. Manuel Alegre ocupou o espaço de crescimento do Bloco. Nas intercalares de Lisboa, o Zé apareceu desarvorado para o sucesso eleitoral. Aqui, foi Helena Roseta que lhe saiu ao caminho. Para o ano temos eleições europeias, autárquicas e legislativas. Será o ano de todos os balanços: à governação de José Sócrates; à trajectória oposicionista do PSD; à estratégia de «luta» do PCP; aos sonhos de «maioria» do Bloco; e ao grupo de amigos de Paulo Portas. Mas, atenção, que ninguém cala a voz de Manuel Alegre. E Helena Roseta não abandonou o PS para se reformar da política. Hoje, o DN dá conta que Manuel Alegre está a ser pressionado para fundar novo partido. O descontentamento e o desencanto, por um lado, o populismo e a demagogia, por outro, podem produzir resultados catastróficos. O objectivo primeiro destas movimentações é retirar a maioria absoluta ao PS; o objectivo segundo, é formar, finalmente, um governo de «maioria de esquerda»: PS (sem Sócrates), MIC de Alegre-Roseta, Bloco e PCP. Os sonhos do «socialismo do século XXI», aquela coisa ideologicamente estranha inventada por Hugo Chávez, e soprada ao ouvido deste por Fidel Castro, atravessaria o Atlântico e chegaria finalmente a Portugal. O sonho da revolução bolivariana em Portugal poder-se-ia, então, concretizar - pensam os «estrategas» da extrema-esquerda. No entanto, há aqui um problema de calendário eleitoral. As eleições autárquicas realizam-se antes das legislativas. E será nas autárquicas que os eleitores de Lisboa vão dar opinião sobre o que pensam da coligação PS-Bloco. Os resultados em Lisboa vão, certamente, influenciar os arranjos partidários para as legislativas. De qualquer modo, «isto» vai aquecer...