sábado, 2 de fevereiro de 2008

||| Histórias da República [1]

«Hoje correram nos jornaes noticias alarmantes sobre Portugal. O Temps publica um dos habituaes telegrammas hespanhoes da fronteira. Os monarchicos estariam em grande anciedade esperando para hoje uma sublevação da Guarda Republicana, aos gritos de viva o Rei. (…) De Lisboa nada. O Barreto telegrafa-me: «Diffícil solução crise. Aguarda-se Bernardino Machado». Os desatinos da Republica tiram toda a autoridade aos seus diplomatas. Há pouco garantia eu um governo estável e elle está em terra. Em seguida a um suelto intempestivo e grosseiro do Mundo, o Guerra Junqueiro pediu a sua demissão. Parece que o fez em papel de cartas. Pois no dia seguinte lá vinha o Mundo zombando da ignorância protocolar do Junqueiro. Quer dizer: os redactores d’este jornal estão em contacto com as secretarias, recebem d’elas informações, confidencias. Eis o que torna intolerável a situação do Affonso Costa: é o cortejo dos seus amigos.
Diário de João Chagas, 2 de Fevereiro de 1914.