||| A propósito de assobios e apupos.
Todos os primeiros-ministros, desde 74 (antes não era possível) foram, num momento ou noutro, por isto ou por aquilo, alvo de assobios e apupos públicos aquando de deslocações aqui ou ali. Os assobios e apupos são naturais e saudáveis em democracia. (Só não há assobios e apupos a primeiros-ministros onde não há democracia, como em Cuba ou na Coreia do Norte, por exemplo). Todos nos lembramos dos assobios, apupos e agressões a Mário Soares, na Marinha Grande, em 1986. E todos conhecemos os resultados. A questão dos assobios e apupos de ontem, à porta da sede nacional do partido socialista, não tem nada a ver com o saudável exercício de direitos democráticos. Antes pelo contrário: tem a ver com a uma limitação do direito de associação e de reunião. O secretário-geral do partido socialista foi reunir com militantes do seu partido. Com professores ou não é irrelevante. Há quem não entenda esta situação e, apenas, releve o facto de José Sócrates ter sido apupado. Eu sei que certas pessoas não conseguem entender certas coisas. Mas os «manifestantes» presentes entenderam bem que estavam a limitar o exercício de direitos democráticos. Por isso, envergonhados, esconderem quem os tinha para ali enviado. Quem deixa passar, hoje, estas «ninharias», provavelmente esteve de acordo com os manifestantes que assaltaram as sedes do PCP em 1975, quando era deste partido o primeiro-ministro. Os socialistas, na altura, condenaram essa limitação dos direitos democráticos.