quinta-feira, 1 de maio de 2008

||| Maio, maduro Maio.

Enrique Vila-Matas escreveu: «Temo que nunca se saberá o que foi Maio de 68 e se essa revolução pertence à cultura francesa ou melhor – como suspeitam alguns – à civilização chinesa.» (artigo integrado no Écrire, Mai 68, Paris 2008, transcrito pela revista FP, edição espanhola). Esta frase curta sintetiza a influência (e os elos de ligação: juventude, estudantes, luta contra a autoridade e o poder) do «Maio de 68» com a «Revolução Cultura» chinesa (Grande Revolução Cultural Proletária), lançada dois anos antes, em 1966. De qualquer modo, quer um, quer outra – o «Maio de 68», em França, e a «Revolução Cultural» chinesa – produziram consequências irreversíveis, cada uma no seu «mundo», apesar dos objectivos serem diferentes. Na China, Mao Tsétung, após iniciar o combate ideológico contra o PC da URSS, necessitou de «desovietizar» o aparelho do PC Chinês e dar-lhe novos rumos. Para além da luta pelo poder interno, na altura, as consequências estão à vista: o PC Chinês mantém-se, ainda, no poder, enquanto PC da URSS fez implodir a pátria do «socialismo». No «mundo capitalista», depois do «Maio de 68», também nada ficou como antes, apesar da estrondosa derrota eleitoral da esquerda nas eleições para Assembleia Nacional convocadas por De Gaulle, em finais de Junho de 1968. Já li algures, acertadamente, que o feliz casamento de Sarkozy, presidente da República Francesa, com Carla Bruni, só foi possível graças ao «Maio de 68». E a vida continua…