||| A luta da memória contra o esquecimento.
Em 1976, um jovem comunista soviético, de seu nome Sergei Yastrzhembskiy, aprendeu português e trabalhou numa tese dedicada à «Revolução Portuguesa». Inevitavelmente, «encontrou» no caminho Mário Soares e se interessou pela personagem («as suas posições face à sociedade e à política não podiam deixar de me interessar enquanto in
vestigador»). Deste interesse nasceu, em 1981, um livro que foi publicado com uma tiragem de 300 exemplares e divulgado sob a chancela «para uso interno», como conta o autor. A editora Temas & Debates acaba de publicar o dito texto sob o título Mário Soares e a Democracia Portuguesa Vistos da Rússia. É um texto interessante, sobretudo do ponto de vista da memória. Transcrevo um parágrafo para situar a óptica do autor: «Confrontam-se duas tendências opostas: a escalada da ofensiva reaccionária contra as conquistas progressistas da revolução de Abril e a luta da esquerda e das massas populares em defesa do que então se conseguiu. (…) Foi precisamente durante a governação do I Governo Constitucional dos socialistas que se enveredou pelo caminho da redução dos direitos económicos dos trabalhadores e progressivamente pela suspensão das conquistas do 25 de Abril.»
A leitura deste texto, agora transformado em livro, de Sergei Yastrzhembskiy, faz-nos avivar a memória dos anos 1974-1980 e, sobretudo, comparar o que hoje se diz sobre os mesmos temas: ataques aos direitos sindicais, restrições das liberdades dos trabalhadores e por aí fora. O PCP não mudou, e todo o mérito lhe é devido por isso. Diz sempre a mesma coisa a partir da «análise da luta de classes». Mas podemos comparar os outros protagonistas de ontem. Nalguns casos é interessante constatar, na óptica dos comunistas, como os «reaccionários» de há 30 anos se transformaram nos «progressistas» de hoje. Cito, por exemplo: «O diploma que provocou a maior indignação e resistência dos trabalhadores foi a Lei Barreto, que previa sérias restrições das conquistas dos trabalhadores rurais da zona da reforma agrária. A lei em questão condenou ao desemprego três em cada quatro trabalhadores rurais das províncias do Alentejo e Ribatejo.» Restringir as conquistas dos trabalhadores e lançat no desemprego 75% dos trabalhadores rurais da zona da reforma agrária é obra!
Vale a pena ler este livro de Sergei Yastrzhembskiy, cuja publicação em português foi sugerida por Mário Soares. Voltarei ao tema.
vestigador»). Deste interesse nasceu, em 1981, um livro que foi publicado com uma tiragem de 300 exemplares e divulgado sob a chancela «para uso interno», como conta o autor. A editora Temas & Debates acaba de publicar o dito texto sob o título Mário Soares e a Democracia Portuguesa Vistos da Rússia. É um texto interessante, sobretudo do ponto de vista da memória. Transcrevo um parágrafo para situar a óptica do autor: «Confrontam-se duas tendências opostas: a escalada da ofensiva reaccionária contra as conquistas progressistas da revolução de Abril e a luta da esquerda e das massas populares em defesa do que então se conseguiu. (…) Foi precisamente durante a governação do I Governo Constitucional dos socialistas que se enveredou pelo caminho da redução dos direitos económicos dos trabalhadores e progressivamente pela suspensão das conquistas do 25 de Abril.»
A leitura deste texto, agora transformado em livro, de Sergei Yastrzhembskiy, faz-nos avivar a memória dos anos 1974-1980 e, sobretudo, comparar o que hoje se diz sobre os mesmos temas: ataques aos direitos sindicais, restrições das liberdades dos trabalhadores e por aí fora. O PCP não mudou, e todo o mérito lhe é devido por isso. Diz sempre a mesma coisa a partir da «análise da luta de classes». Mas podemos comparar os outros protagonistas de ontem. Nalguns casos é interessante constatar, na óptica dos comunistas, como os «reaccionários» de há 30 anos se transformaram nos «progressistas» de hoje. Cito, por exemplo: «O diploma que provocou a maior indignação e resistência dos trabalhadores foi a Lei Barreto, que previa sérias restrições das conquistas dos trabalhadores rurais da zona da reforma agrária. A lei em questão condenou ao desemprego três em cada quatro trabalhadores rurais das províncias do Alentejo e Ribatejo.» Restringir as conquistas dos trabalhadores e lançat no desemprego 75% dos trabalhadores rurais da zona da reforma agrária é obra!
Vale a pena ler este livro de Sergei Yastrzhembskiy, cuja publicação em português foi sugerida por Mário Soares. Voltarei ao tema.
