quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

||| No gulag não havia cerejas, só nas datchas.

Meu caro Vítor Dias: o único truque que consigo vislumbrar (defeito, certamente, de quem não foi bafejado pela fé nos amanhãs que cantam) nas sintonias a que aludi é promovido por quem quer vender gato por lebre. Isto é, por quem quer confundir ditadura com democracia e democracia com ditadura. Os seus camaradas - Miguel Urbano Rodrigues e António Vilarigues, por exemplo, com os quais deve estar de acordo, na medida em que nunca li nenhum comentário crítico, da sua parte, a tais afirmações – são claros quanto à caracterização do regime em que vivemos: uma ditadura (ditadura socratiana, diz um, ditadura parlamentar da burguesia, subtil e mais violenta, porque disfarçada, que a censura assumida pelos regimes fascistas e fascizantes, diz o outro). Ora, penso, o Vítor não deve ter ficado assim tão chocado com o facto de o ter associado às vozes que consideram o regime em que vivemos como uma ditadura. Se ficou diga-o de uma forma clara. Mas, no entanto, considera a democracia soviética, a mais perfeita até hoje alcançada pela humanidade, como o seu camarada Leandro Martins escreveu no Avante, 22.02.2007. Ou, também, não está de acordo? Está a ver esta dicotomia ditadura/democracia? Já percebeu onde está o gato ou quer que faça um boneco? (Continua).