sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

||| Nós, que transportamos na alma um país de imigrantes...

«Dos 23 marroquinos que em Dezembro desembarcaram na ilha da Culatra, no Algarve, restam apenas duas raparigas no território nacional. Só Rajá permanece no Espaço de Acolhimento de Estrangeiros e Apátridas/ Unidade de Santo António, no Porto, onde até há pouco estavam os 21 já deportados. Falava-se muito nela na vigília anteontem à noite promovida por uma dezena de organizações não governamentais à porta. Tornou-se numa espécie de símbolo da "desumanidade" que ali se pretendia denunciar. Conta 16 anos, está grávida "de poucos meses", ali, sozinha. O seu companheiro foi dos primeiros a partir.
A outra rapariga continua à guarda da Segurança Social - à espera de uma decisão do Tribunal de Menores.
Poucos dos que Rajá deixou de ver terão chegado a casa. A entrega a Marrocos "correu muito mal", narra um deles, por telefone. Detidos pelas autoridades marroquinas, depressa se terão tornado alvo de "maus tratos". "Dei dinheiro para ter a minha liberdade", diz.
Já não parece ir a tempo o requerimento ontem apresentado pelo deputado do Bloco de Esquerda José Soeiro a questionar o ministro da Administração Interna, Rui Pereira, sobre a possibilidade dos cinco últimos marroquinos receberem autorização de residência. »
Público, 25.01.2008, Ana Cristina Pereira.