Arrogância e demagogia
«Falou-se de uma média de 200 e 300 por cento de aumentos que, nalguns casos, ultrapassariam mesmo os 2000 por cento. Estes aumentos são reais e resultam de contas bem feitas. E impressionam, mas só até se perceber de que montantes estamos a falar.Vejamos então. Uma hidromassagem geral custava ao beneficiário da ADSE 10 cêntimos - sim, 10 cêntimos, um décimo de euro - e passa a custar 31 cêntimos (aumento de 210 por cento); um banho de algas passa de 10 para 40 cêntimos (mais 300 por cento); uma sessão de reeducação mecânica aumenta de 10 para 26 cêntimos (160 por cento). Com as análises clínicas o panorama é o mesmo. Há alguns aumentos, é verdade, na casa dos 2000 por cento, mas estamos a falar de exames que passam a custar ao utente entre 8 e 13 euros. Por outro lado, há exames que passam a custar menos.A montanha das percentagens pariu, afinal, um minúsculo rato, quando se olha para os aumentos em euros (ou em cêntimos...), mostrando que é possível distorcer profundamente a realidade com números que são absolutamente verdadeiros.Entre a arrogância do Governo e a demagogia dos sindicatos o que fica é, afinal, a manutenção de uma situação muito confortável para os cerca de 13 por cento de portugueses que são beneficiários da ADSE. Quem não gostava de, descontando apenas 1 por cento do ordenado, ter acesso, quando precisa, a serviços de saúde à escolha, pagando apenas aqueles preços? » Paulo Ferreira, Público 25.08
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