Mais livros.
Ao contrário de Reinaldo Arenas, o escritor cubano Pedro Juan Gutiérrez não foi expulso da Ilha e por lá vive, escreve e publica no estrangeiro. O que é bom porque vai transmitindo o que se passa no “paraíso” castrista. Está traduzido em português (D. Quixote) o seu Ciclo Havana Central, composto pelas obras Trilogia Suja de Havana, O Rei de Havana, Animal Tropical, O Insaciável Homem Aranha e, o último, Carne de Cão. Pedro Juan Gutiérrez retrata o quotidiano do povo cubano como ninguém. Num estilo simples e directo. Deste último livro transcrevo uma cena, passada na praia de Guanabo, a qual corresponde ao estilo de vida cubano moldado por meio século de “socialismo”:
«Finalmente acabou de chover. A uns passos de mim havia um grupo de gente bêbada. Um dos homens chateou-se com a mulher. Uma gorda descomunal. O gajo disse-lhe:
-Não tens nada de falar a ponta de um caralho com ninguém. Sua puta!
- O caralho mete-lo tu pelo cu acima e puta é a tua mãe, marado!
O gajo enfiou-lhe um estalo na cara. A gorda desatou a chorar, mas pregou-lhe também um estalo. (…) O gajo tinha quatro correntes de ouro penduradas ao pescoço, com uma medalha enorme de uma santa qualquer, o peito peludo como um urso, e uma bebedeira descomunal. Arrastava a língua e dizia:
- Vou-a matar! Não tinha nada que falar com aquele negro! »
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