Reinaldo Arenas
Aos poucos a obra literária do escritor cubano Reinaldo Arenas vai sendo traduzida para português. No final de 2006 foram editados mais dois títulos: O Assalto (Ambar) e O Engenho (Antígona). Deste último transcrevo um grito de revolta saído das entranhas da Ilha do velho ditador:
« Será que ninguém sente o crepitar desesperado da Ilha
onde milhões de
escravos (já nem cor têm) esgaravatam
inutilmente a terra?
Não há nada a
dizer; resta-nos derrear o corpo e fuçar.
Não há nada a dizer da liberdade;
aqui ou nos calamos
ou morremos com um tiro.
Não há nada a dizer da
humanidade; aqui, ou aplaudimos
ou morremos com um tiro.
Não há nada a
dizer dos sagrados princípios da justiça:
aqui, ou prostramos o nosso corpo
de escravos ou morremos
naturalmente com um tiro.
Assim se resumem os
nossos direitos.»
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